Engov

17.12.16 -


Sou total ciente da personagem caricata de seriado ruim que tenho me tornado. Quem visse as cenas, assentaria com a cabeça, apenas: primeiro o despertar embrulhado, cheio de ressaca. Dois goles de água, um Engov. Que diabos eu fiz noite passada? Cacete, viu. Sei que quase esqueci a carteira no carro dele. Tenho certeza que ele tava puto. Falei demais? Brigamos? Vou mandar uma mensagem a fim de paz, amor e sobriedade, azar. Foi. Mais duas horas de sono. Nada de resposta. Três horas de exercício físico + banho e almoço. Nadinha. 6h de vácuo. Ele ia trabalhar num roteiro, pelo que eu lembre. Matheus, eu cheguei chateada ontem de madrugada? Ah, mas cara de bunda eu tenho quase sempre, né. Mais uma mensagem, que se dane. Por que ele tá fazendo isso comigo? O que, de tão grave eu fiz? Casa da Priscila. 12h depois. Ninguém deixa o celular por tanto tempo ali sem poder dar uma resposta de dez segundos, certo? Certo. Vou mandar um áudio, Pri. É isso. Não é possível esse rolê. Não lembro, realmente não lembro de uma parte e, daquilo que recordo, nada foi assim, horroroso. Eu não quis ir embora do motel, é. Mas poxa, pra que marcar comigo entre outros dois programas? Sexo apressado é o pior tipo de sexo do universo. Se tivesse namorada, entenderia. Detesto que me apressem, ainda mais nua, coberta só de tesão. Tô apreensiva. Passei o dia hora sem fome, hora devorando o mundo pra ver se concentro mais na mastigação e menos nessa angústia. É, nada de resposta. E o pior: ele visualiza! Caralho. Bom, vou pra casa, tentar dormir. Moço, pode ir pela Vasco, pega a André da Rocha e depois a Bento. Nada de resposta, nada. Sono nenhum também. Um filme sci-fi com uma máquina que quer ser humana, ótimo. 6h de sono, intervaladas por despertares assustadiços pra olhar o telefone. Eita, mensagens. Cinco deslizes fatais que ele ODEIA (assim, em Caps) em relacionamentos. Ok, pedi para ir na gravação do clipe. Implorei, também, para conhecer os amigos. E os pais dele, certo. Deixei ele irritado, bebi duas garrafas de vinho tinto e fiquei agressiva. O pior, pro final, óbvio: falei. No meio do sexo. Que queria. Um filho. Dele. No terceiro encontro. Todas essas maluquices que sequer pensei sóbria. Que vergonha que vergonha que vergonhaaaa. Pelo visto, ele levou a sério. E pensou minuciosamente em cada detalhe pra me fazer sentir o lixo do milênio. Isso, sua trouxa, mistura álcool e remédios pra cabeça por puro nervosismo. Vai, se afoga agora nessa mágoa de perder boy ótimo pra (personagem podre de seriado indie) você mesma. Onde diabos eu assino a petição pra exterminar a minha espécie desse planeta? Ou melhor: eu mesma me retiro dessa galáxia egoísta, fria e insensível com todos os bêbados atrapalhados do rolê, isso sim.

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